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 É possível formar um grupo musical com artistas que nunca se encontram ao vivo? Se você acha impossível, então conheça o grupo Interligados. Esse coletivo musical é formado por 13 componentes, de nove países e todos os continentes. Nenhum membro do grupo jamais conheceu mais de três componentes ao vivo. Assim, o coletivo realiza todas as suas produções com o auxílio da internet.
O mais novo trabalho desse coletivo intercontinental é o clipe O Poder dos Fracos, que foi lançado nesta quarta-feira (14) e foi editado em Chimoio,Moçambique, na produtora La Dojo Filmes. O vídeo pode ser acessado no seguinte link:https://www.youtube.com/watch?v=-BpyKqciRYQ .

A cidade de Chimoio, alcunha Cidade do Hip-Hop e Hip-Hoplandia, em Moçambique,
é considerada a “mãe” desse projeto, pois o criador do coletivo, Inspector Desusado alcunha Captain Africa, de Nacionalidade Mocambicana, ex-residente do Brasil-Contagem, atualmente reside em Africa, bem como o produtor musical Az Pro que reside em Chimoio. Devido ao forte movimento rap local, a cidade ganhou a alcunha Hip-Hop-Hoplandia ou Vila Perygoza ou Cidade do Hip-Hop, mas e mais conhecida por Vila Perygoza em analogia ao nome colonial da cidade Vila Pery e uma adaptação ao perigo para o sistema político de se ter grandes rappers em efervescência na cidade.
Neste clipe, além dos artistas de Chimoio, também participaram: Mossoró (Brasil), Josedan (brasileiro residente no Chile), Kadypslon (português residente na Inglaterra) e Mano (Finlândia). O coletivo ainda é composto pelos rappers Ody Shammy (sírio-palestino), Pablo Crimini (Chile), Missing Linking (Zimbabwe), Negro Bey (Guiné Equatorial) e Lawn (Nova Zelândia). O pesquisador Janne Rantala (finlandês residente na África do Sul), o videomaker, DJ e produtor de scratshs DJ Pisto Rey (México) e o agente de produção Pierr Dogg (Moçambique) também são membros desse coletivo intercontinental.
Os artistas fazem rodízio de participação nas músicas, para as canções não ficarem muito extensas e, assim, garantir a participação de todos os componentes no álbum, que está em produção. O nome Interligados foi escolhido porque os artistas precisam apresentar uma interligação em todos os assuntos abordados nas músicas. Desse modo, a produção das músicas envolve inicialmente um debate sobre temas que sejam relevantes para os artistas de todos os países participantes. Para isso, um membro produz texto sobre um tema atual, para ser selecionado ou não pelos demais participantes. No caso da música O Poder dos Fracos, o texto foi elaborado por Janne Rantala, membro do grupo que atualmente realiza pesquisa de pós-doutorado na África do Sul, sobre a memória política do rap moçambicano.
A partir do tema escolhido, o produtor Az Pro se encarrega de criar instrumentais dentro da proposta, utilizando recortes sonoros (samples) diversos que garantam a identidade do som com o tema. Logo depois, eles fazem os esboços das letras e criam uma narrativa sequencial, em que os demais membros podem sugerir alterações a cada compositor para se adaptarem a uma narrativa. Em sequência, gravam demonstrativos dos sons, para só depois gravarem em estúdio. No fim, as vozes retornam para Az Pro, que realiza a produção final.
O projeto Interligados foi lançado apenas em 2018 e tem quatro músicas e três clipes lançados, mas os resultados alcançados já são impressionantes. Além da divulgação na mídia em todos os países em que há membros do coletivo, a participação dos acadêmicos Janne Rantala e Mossoró já garantiu a divulgação em seminários internacionais e artigos científicos. A maior conquista do Interligados foi a música O Poder dos Fracos ter sido classificada como 13ª melhor música do mundo, segundo ranking de agosto e setembro da Rapstation. Esse programa é liderado por Chuck D, do Public Enemy, um dos maiores ícones do rap mundial e tem retransmissão em 237 emissoras pelo mundo. Esse programa já reproduziu três vezes as músicas do Interligados.

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